sábado, 6 de agosto de 2011
terça-feira, 7 de junho de 2011
sábado, 6 de novembro de 2010
História das mãos
Num Dia de Africa de não sei já quantos anos atrás, no Palácio Foz, ouvia-se uma música lindissima por todos os lugares. De salão em salão fui procurando de onde vinha tamanha magia. Num recanto, bem recatado, o Galissa dedilhava a sua kora. Contou-me da cultura mandinga e do trabalho que tem desenvolvido de divulgação da kora. De quando em quando damos notícias ou cruzamo-nos por aí. Desse dia guardo a magia da descoberta do som da kora, o sorriso aberto do Galissa e nós duas saidas do pavilhão, ainda de fato de treino entre ilustres damas e cavalheiros em traje de cerimónia.
sábado, 30 de outubro de 2010
vidas nossas de todos os dias
Tantas vezes perco o rumo e fico sem saber de mim. Em que vidas estou. Tem vezes nem mesmo sei onde pára a realidade e se este meu mundo existe ou se é tudo de faz de conta.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
tem dias ...
sábado, 18 de setembro de 2010
por aí ...
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Mãe Preta
Esta estória começou uns dias antes, sem alardo nem burburinho. O Bruno Huca passou pelo "5 para a meia-noite" com a sua Tralha Mestiça e deixou-me sem fala com a magnífica interpretação do "Prelúdio" da Alda Lara. Confessei-lhe meio em surdina que o fôlego quase me tinha fugido ao ouvi-lo. E, pensava eu, tudo ficaria entre nós. Poucos dias depois deixou-me sem pingo de sangue e inchada nem perú de Natal ao dedicar-me o tema, cantando-o ao vivo, num rasgo de amor e carinho que me marcará por toda a vida.
E a noite parece se queria de glória. Ao Bruno juntou-se a nossa Maria e juntos interpretaram "Lágrima". E eu, que nem sou de fados nem de lágrimas pasmei e chorei com aqueles dois. Mano a mano, arrasando, no Palco 3 do entreMITOS.
Os nossos corações bateram mais rápido. De alegria, de orgulho. De comoção também.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
por aí
sexta-feira, 11 de junho de 2010
dois pra dois
Se a África do Sul fosse mais perto, amanhã iamos os três à bola ...
sexta-feira, 4 de junho de 2010
no feminino
Tenho tanto por aprender ...
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Já conhecem esse filme de cor e salteado.
Também foi o delas, mais das vezes.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Silêncio mata!
Está nas mãos, no coração e principalmente na voz de todos nós mudar o rumo.
mmm
sábado, 22 de maio de 2010
40
Dizem, os 40 são a década da verdade e da loucura.
Assim seja!
aaaaa
domingo, 9 de maio de 2010
Nacionalidade SIM!
Os meus pais são imigrantes.
Trabalham dignamente,
Nunca saí de Portugal.
Porque é que insistem em chamar-me
estrangeiro????????
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Momentos
Não resisto a partilhar uma conversa maravilhosa de há uns dias atrás:
- O teu namorado agora ficou mal do outro joelho , como é que ele anda?
- Coxo, né?
- E tu sais com ele assim todo coxo?
- Ele é o meu amor. Nem tivesse só metade eu amava-o à mesma...
(lindo ...)
- Desculpa lá que isso depende da metade...
(Apupos)
- O QUÊ?
- Daahh! É que sem instrumento não tem orquestra ...
- Olhem só a certinha direitinha a falar em orquestra ...
(Risota geral e picanço acelerado)
- Tu tás fresca!! Tás, tás!!
-Não é nada disso! Orquestra não é bué gente a tocar música?
- É ...
- Atão o que eu tava a dizer é que sem instrumento ele não vai te dar bué filhos pra sentar na mesa e fazer bué barulho tipo orquestra ...
(gargalhada geral)
- Tu não tás no estágio. Tu és sonsa profissional estrela de cinema!
É tão fixe partilhar os quinze anos delas ....
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Lição de português
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Tem dias
Ouviste-me chamar-te?
Era só um abraço.
Só. E era tanto.
terça-feira, 13 de abril de 2010
Valproato de Sódio
Em passadas largas, fui-me alheando e deixando-me ir em preocupações, novas ideias mais ou menos loucas e sonhos impossiveis quase quase a ser de verdade. Nem teria dado conta da multidão e do jovem estendido no chão, não fôra ter escutado como que uma campainha pavloviana. Epilepsia.
Num repente e de rajada, nem filme a milhares de rotações passaram-me anos de vida pela frente. Também era jovem. Também tropeçara numa brincadeira. Também caíra e batera com a cabeça. Também estrebuchava e espumava pela boca revirando os olhos. Também os amigos estavam assustados e sem saber que fazer. Um dia também fôra assim comigo. Contaram-me.
Lembro que no depois, faltavam muitas palavras e fazeres e pessoas e vidas. A descoberta do descobrir demorou demais. Nalguns casos não voltou. Levou anos a partir e a libertar-me de vez das pastilhas coloridas que odiava e a quem me sentia acorrentada.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
pressa de não crescer
Parece-lhes impossivel ter crescido num mundo sem telemóveis, hi5 ou centros comerciais e ficam extansiadas com a pré-história que foi a minha adolescência nos idos anos setenta e tal oitenta. Que faziamos, que falávamos, que música ouviamos, por onde passeávamos e namorávamos num mundo que lhes parece era parado, amorfo e sem interesse.
Falei-lhes de quilometros e quilometros à boleia para colar cartazes de espectáculos, de dias inteiros de Meia-Praia, da descoberta da cidade grande, dos namoros de Verão, das viagens de comboio todos os fins-de-semana entre Lisboa e Lagos, dos amigos e das músicas do Barimbar, das cartas chegadas e enviadas, do LP duplo do Simon e Garfunkel no Central Park, do Cinema Império e dos filmes poucos que por lá passavam, da Casa das Artes onde passei semanas de tardes a ler, dos passeios pelas arribas do Pinhão à Ponta da Piedade, do viver num quarto alugado e numa residência universitária, partilhando livros, experiências, saberes e comeres, da corrida do Hot Club até ao Cais do Sodré para o último comboio, dos almoços pelos jardins de Lisboa, das noites inteiras de conversa e de cantigas, da piscina e da pista de dança do Charlie Chilly da Aquazul, do regresso a pé da Horta2, dos banhos no canal da barragem em Arão, dos tantos casamentos em que toquei a Marcha Nupcial e a Oração de São Francisco, da minha banca no mercado da reforma agrária a medir tensões arteriais, da recolha de estórias, modas e mézinhas que fiz com os idosos da Santa Casa, de dormir ao relento, de ir à biblioteca buscar livros, de gravar cassetes com as músicas preferidas, de amar perdidamente e não ser correspondida, dos autocarros verdes de dois andares, do barquinho a remos para a Meia-Praia, de acordar de madrugada para ir à maré ao Rio de Alvor, da alfabetização de mulheres imigrantes, de amassar e cozer pão no forno de poia de São Marcos, de fazer brincos e pulseiras de missangas e arame cobreado, de ir à vindima aos Matos Brancos, de varejar amêndoas na minha Atalaia, de fazer babysitting a miúdos estrangeiros, de ler o Papalagui na Praia dos Estudantes, da desilusão que foi a Costa da Caparica, dos cafés intermináveis no Abrigo e na Britaica, das vidas contadas às escuras, dos acampamentos na Praia da Adraga, das muitas directas a estudar e a fazer trabalhos de grupo, do nascer da paixão, do gosto pela novidade e do eterno vício de sonhar acordada.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
vidas ...
mmm
domingo, 7 de fevereiro de 2010
jeunesse, jeunesse
Quando andamos na creche é tudo fixe. Os anjos não percebem que as mães são infelizes nem que há contas pra pagar nem que os homens são quase todos uns filhos da puta que fazem filhos numas e noutras e não são pais de verdade de nenhum. Quando somos pequenas há sempre mães e tias e avós que nos carregam para todo o lado e tratam de nós e depois crescemos, e vimos a verdade, e parece ficamos parvas que já quase vamos na conversa dos rapazes, pra ser como foi com a nossa mãe …
Mas os rapazes também não são todos iguais …
Como é que eu sei que chegou a altura? Como é que eu faço para a minha mãe não me prender tanto? Porque é que me apetece chorar quando não aconteceu nada triste? As minhas amigas dizem que é fatela eu ter preservativos guardados para quando acontecer … e se ele não tiver? As setôras dizem que eu refilo muito e que falo alto. Tenho que arranjar namorado depressa senão não tenho prenda no dia dos namorados e toda a gente vai perguntar o que é que recebi e eu não quero mentir mas também não quero dizer a verdade …
... pois não?
mmmmmmmmmmm
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Amor
- 78 anos
- Estado?
- Quê?
- Se é casado ou viúvo ou solteiro?
- Casado.
- Há quanto tempo?
- Desde 2004.
- Então é recente o casamento?
- Tem 55 ano.
- Mas não disse que foi em 2004?
- Nós estávamos os dois há mais de 50 ano sem casar mas eu não queria morrer homem solteiro e disse que era para casar.
- E ela ficou toda contente?
- Não, ela nem queria casar. Então eu disse ela não casasse eu ia casar com outra porque homem morrer solteiro é coisa muito triste e então ela casou.
- Isso é que é amor...
- Isso do amor eu não percebo nada. Sei é que ela é boa companhia e muito minha amiga.
- E o senhor?
- Eu sou homem muito às direitas e nadinha de ser traquino nem 'trevido
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Bom dia Senhora Professora
Parece até andaram mais rápido, ouviram melhor e compreenderam quase tudo o que já sabiam de cor e salteado. Coisas da vida que, afinal, foi a sua escola.
A ida à prova oral de língua portuguesa com um grupo de imigrantes idosos, que não tiveram oportunidade de aprender a ler e a escrever deixou-me tão mais rica. De saber e de coração.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Á hora da morte
E no silêncio do bairro solta-se um canto lúgubre. Arrepia de dor até numa tarde soalheira de Agosto. Àquele canto outros se juntam, anunciando a passagem da morte. Na casa da família enlutada adivinho o estender da toalha preta sobre a mesa, à volta da qual e durante uma semana, se rezarão terços. Como que na penumbra, começa a azáfama da maratona à volta do fogão e das panelas, preparando refeições para os muitos que virão despedir-se do finado e consolar a família.
Durante o funeral, em cortejo compassado, um canto polifónico de esperança em Nhor Deus e na eternidade ecoa pelas ruas que separam a igreja do cemitério. De quando em quando, como se de improviso se tratasse surge um canto chorado que fala dos laços, das vivências e da dor que existia com o ente perdido, ganhando intensidade e frequência com a proximidade da despedida.
Dando vida à hora da morte.