o mar enfureceu. o céu também.
fosse a minha loucura maior iria tempestade dentro, deixando-me salgar, molhar, oscilando ao sabor da nortada.
sei teria voltado mais leve e de alma renovada.
constipada, porém.
sábado, 31 de janeiro de 2009
tem dias ...
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Elas
É que elas podem perceber que o meu cabelo é cortado à máquina, pente quatro fachavor e ver nas minhas unhas os carrinhos de rolamentos que hei-de aprender a construir.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Om mani pemé hung hri
Acabada de chegar à cidade grande e desconhecida, procurando instalar-me e adaptar-me à nova vida de estudante universitária em auto gestão, senti-me em casa naquela casa que logo vi não ser bem um restaurante, apesar de se comer bem e adequado à fraca bolsa da época.
Serviam-nos a "malga da simplicidade" que consistia em sopa, tarte de vegetais com salada e uma tigela de frutas frescas e secas com iogurte, temperada com a maior simpatia e uma calma que só ali se respirava. Chamavam-lhe o "Terraço do Finisterra" e era um segundo andar da Rua do Salitre com vista para o Jardim Botânico da Faculdade de Ciências.
Quando quase no final do curso soube que ia ser mãe prepararam-me água ferrosa e os pratos mais completos e coloridos, para que ambos crescessemos em vida e saúde, ensinaram-me a melhor posição para dormirmos em paz e fizemos ioga diariamente. Quando o Lopo nasceu, apareceram na maternidade com uma maravilhosa e imensa tarte de chocolate e castanhas para a equipa de serviço. Festejavam o regresso do Lopo.
Como verdadeira comunidade que são, a sua vida é onde fazem falta. Partiram e estão em França, na Bélgica, nalgum mosteiro algures por aí, trabalhando para que numa vida próxima sejam ainda melhores pessoas. Deixaram-me valores eternos e um coração maior.
Hoje, depois de passar pela sanzala, desenrolei o rolinho que recebi na última passagem do Dalai Lama por Lisboa. Continuava por abrir. Estava escrito "Om mani pemé hung hri"/"Aconteça o que acontecer à tua volta, nunca desistas".
O restaurante ainda existe.
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Senhor Ribeiro da Biblioteca
Com o passar do tempo as visitas deixaram de ser diárias porque o deleite da leitura assim o obrigava mas, dizia o Sr Ribeiro, continuava a ser a sua melhor freguesa e quem quase como ele conhecia de cor e salteado cada uma das prateleiras. Acho ainda posso pegar num lápis e num papel e arquitectar cada assunto e muitos autores, estante a estante, daquele primeiro andar de parapeitos floridos.
E o bom que era contar e ouvir do Senhor Ribeiro um mundo inteiro de fantasia roubado às muitas páginas folheadas ou acabado de sair da nossa imaginação, enquanto eu copiava parágrafos mais especiais e ele tratava da saúde a lombadas defeitas ou ajudava na consulta de alguma obra.
Na entrada, ao lado da porta verde, havia uma placa dourada onde estava escrito: Fundação Calouste Gulbenkian, Biblioteca Fixa nº 6, de segunda a sexta, das 18h às 20h. Num domingo de 1974 , ao lusco fusco, fomos lá, à sucapa e colámos um cartaz a dizer "Biblioteca do Senhor Ribeiro" numa atitude PREC'iana de entregar terra a quem a trabalha.
sábado, 24 de janeiro de 2009
Nha Jula
Um dia destes ela vai voltar e trazer de novo a maleta cheia de garrafas de manteiga(!), feijão congo, atum, milho, linguiça e bolacha capitão. Vamos a ver é se não se esquece de avisar a malta.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Ao sabor do Arade
Isabel, continuamos à tua espera.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
às terças
Quando tudo acaba respiro fundo numa qualquer área de serviço, leio meia dúzia de páginas das revistas cor-de-rosa e as gordas dos jornais, bebo um café forte e amargo, sinto uma vontade imensa de acender aquele cigarro a que continuo a resistir e vou aterrando lentamente no ninho.
Tanta sede daqueles abraços que ainda estão por dar.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Coisas boas
domingo, 18 de janeiro de 2009
phoenix seja!
sábado, 17 de janeiro de 2009
segredos...
triste, não é?
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
kota???
- E que tal, é simpática?
- É assim mais ou menos. Fala baixinho e é assim, já um bocado velha.
- Velha?
- É. Acho que deve ter praí quase uns quarenta anos...
- O quê?!!!
- Quarenta ou trinta oito, assim mais ou menos.
- E isso é velha?
- É um bocado, não achas?
- Bruno, tás-me a dizer que eu sou velha?
- Tu não, ela é que é. Tu nem deves ter 33.
- Mais dez.
- Népes. Achas?
- Não acho, tenho a certeza. 1965, grande ano!
- Ah, mas é diferente. Ela é assim tipo avó nova e tu és tipo mana mais velha.
E mais, tu fazes anos no fim do ano. Aposto que ela faz logo em Janeiro...
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
às terças
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Contas e mais contas
Gosto da prova dos nove. No final de cada operação contar os algarismos um a um, novesforando nada e retomando e zerando até ter certeza do certo da conta. Sinto este 2009 exactamente como a prova matemática. De renovação. Noves fora nada. Bora lá corrigir as erradas.
Desconsigo avançar nas contas. Pode ser frio. As mãos gelaram. Ou sono. Acordar custa bué. Talvez preguiça de alcançar o amanhã. Ou distracção de perder pelo caminho. Quiçá medo de tentar, tentar e não chegar à conta certa.
O meu desejo, neste Janeiro, é ser capaz de pôr as minhas contas em pé.
domingo, 11 de janeiro de 2009
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
brrrr
O meu amigo Daniel tem muitos anos, nem ele sabe já quantos. Tem sorriso aberto e franco. As mãos quentes apertam as nossas. Ingenuidade de menino pequeno e vida dura de quem vive na rua. Também ele emigrou. No sentido contrário ao que quero me espere. A vida deve-lhe muitos Verões. E Primaveras. Outonos vão-lhe dando os homens, mas mesmo assim, gota a gota. Como se lhes pertencessem. E só se o frio apertar.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Noves fora nada
Também a vida, às vezes, é assim.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Às terças-feiras
Quando chego, a casa já adormeceu. É tão bom dar-lhes aqueles beijos mornos, muito ao de leve, para não os roubar aos sonhos. E sonhar com eles, mesmo que ainda acordada.
Sonhar mundos justos, dias felizes, pés descalços pela areia, silêncios, ternura, pele.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Amor para sempre?
"Às vezes o amor", Sérgio Godinho
E eu, que sempre acreditei nessa utopia, contrariada pelos defensores do amor confortável e fraterno dos trinta, quarenta pra cima, fiquei assim tipo gente feliz com lágrimas que podia ter nascido cisne e deixou-se ser patinho feio.
Sopa sem tempero a nada sabe. Pode-se tirar o sal ou o azeite, mas os dois é demais. Se se for aquecendo ainda se vai comendo mas, deixando passar tempo, por mais que se ferva, mais das vezes azeda.
domingo, 4 de janeiro de 2009
Caril de camarão
Depois de feitas as compras de:
2 cebolas picadas
De mãos bem lavadas e avental posto, picam-se as cebolas e os alhos para um tacho e cobrem-se de azeite. Refoga pouco. Junta-se o camarão, uma casca de limão, o pó de caril e os coentros. Mexe-se e socializam uns breves minutos enquanto se descascam as maçãs, que em quartos lhes vão fazer companhia. Mal tenham tomado conhecimento uns com os outros, deita-se o leite de côco, tapa-se o tacho e em lume brando vão apaladando. Antes que a maçã se desfaça, retiramo-la para outro recipiente mais à casca do limão, aos coentros e bastante caldo acrescentando ainda a outra casca do limão, 1 bocadinho de côco ralado e a pitada de farinha. Com a varinha mágica reduzimos esta mistura a puré e deitamo-la sobre os camarões que estão no tacho. Apura em tacho destapado, lume baixo e mexendo de quando em quando. Acompanha com arroz branco.
sábado, 3 de janeiro de 2009
piridostigmina brometo?
Às vezes, quando as forças me querem faltar penso nas guerreiras que vocês duas são. Duas mesmo. Sem essa união forte de luta, o caminho teria sido mais turtuoso e a sagacidade e a coragem teriam fraquejado. Coisa de mulher!
Acreditamos que o impossível possível é.
Por isso já trocámos ampolas de não sei quê por pasteis de belém a queimar de quentes, numa urgência de Lisboa, ao amanhecer. Chovia a potes mas o bombeiro Pinto trazia o Verão inteiro no olhar e nas mãos rugosas que apertaram as nossas. Naquela hora foram seis as nossas mãos.
Como seis são as mãos que recebem cada caixa de mestinon recolhida onde fôr. Postos de correios, áreas de serviço de auto-estrada, recepções de empresas, amigos, colegas de trabalho, amigos de amigos, conhecido da namorada do primo da cunhada da tia do vizinho do outro lado da rua e até farmácias mais à mão onde veiu parar nem se sabe bem como.
A luta continua! A vitória é nossa!
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
Dia primeiro
Mínimos ligados, caras fechadas, num passeio de matar tempo livre. Só e apenas.
Já é 2009!
A criançada foi adormecendo, anestesiada de cansaço, excitação e muita brincadeira.
Os jovens mudaram-se e mais às suas guitarras, caixas de jogos e restos de comida para uma casa sem vizinhos, onde possam fazer de hoje o ainda ontem em festa.
Foi noite de partilha entre os amigos que foram passando cá por casa.
Família, a bem dizer.
Uma mistura de costumes, de lugares e de estórias de contar e acrescentar. Húmus com pão branco, moamba de galinha com arroz lavado, caldo verde, cachupa badia, caril de camarão, arroz doce e muitos abraços, sorrisos abertos, choros sentidos de saudade e telefonemas das mães lá tão longe.
E eles tão cheios de frio e de esperança.
Pedro, Lopo, Dinis, Manel, Mário, Paulinha, Madalena, Isabel, Leonor, Gonçalo, Rony, Sara, Fábio, Nilton, Humberto, Fátima, Paulo, Lucília, Daniel, Jean e Dimas, ainda bem que vieram. Voltem sempre meus amores.