De vez em quando roubo uns minutos à cama e passo mais do que a horinha do costume no ginásio. Dou-me a pequenos luxos como fazer uma aula de hidroginástica ou de pilatos, passar de novo pela minha máquina preferida e no final esparramar-me no belo do banho turco e deixar-me ir atrás dos vapores. Pra lá da porta embaciada está um mundo de mulheres preocupado com cremes, tintas para o cabelo, vernizes, leggins, tops, cabeleireiros, esteticistas, manicuras, quilos a mais e mamas a menos. Entressonhos vou ouvindo o que desconfio seja sofrimento feminino. O cabelo que não estica como devia, o difusor do secador que empenou, o contorno de olhos que partiu o bico, a unha de gel que descolou antes do esperado e mais a pasmaceira que é passar o dia entre massagens que já não resultam e o escritório onde as colegas são todas umas cabras invejosas. Sinto-me assim como que ave rara e fico sem saber se devo ou não sair de dentro da densa nuvem de água em puro estado gasoso.
É que elas podem perceber que o meu cabelo é cortado à máquina, pente quatro fachavor e ver nas minhas unhas os carrinhos de rolamentos que hei-de aprender a construir.
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