Ao passar por uma sanzala amiga (sanzalando.blogspot.com) despertei uma mão cheia de coisas boas, que, pela pressa da vida, têm estado engavetadas, uma saudade de mãos quentes e abraços de paz, sorridentes, ao ritmo de brisas mansas e melodias suaves.
Acabada de chegar à cidade grande e desconhecida, procurando instalar-me e adaptar-me à nova vida de estudante universitária em auto gestão, senti-me em casa naquela casa que logo vi não ser bem um restaurante, apesar de se comer bem e adequado à fraca bolsa da época.
Acabada de chegar à cidade grande e desconhecida, procurando instalar-me e adaptar-me à nova vida de estudante universitária em auto gestão, senti-me em casa naquela casa que logo vi não ser bem um restaurante, apesar de se comer bem e adequado à fraca bolsa da época.
Serviam-nos a "malga da simplicidade" que consistia em sopa, tarte de vegetais com salada e uma tigela de frutas frescas e secas com iogurte, temperada com a maior simpatia e uma calma que só ali se respirava. Chamavam-lhe o "Terraço do Finisterra" e era um segundo andar da Rua do Salitre com vista para o Jardim Botânico da Faculdade de Ciências.
Quando quase no final do curso soube que ia ser mãe prepararam-me água ferrosa e os pratos mais completos e coloridos, para que ambos crescessemos em vida e saúde, ensinaram-me a melhor posição para dormirmos em paz e fizemos ioga diariamente. Quando o Lopo nasceu, apareceram na maternidade com uma maravilhosa e imensa tarte de chocolate e castanhas para a equipa de serviço. Festejavam o regresso do Lopo.
Como verdadeira comunidade que são, a sua vida é onde fazem falta. Partiram e estão em França, na Bélgica, nalgum mosteiro algures por aí, trabalhando para que numa vida próxima sejam ainda melhores pessoas. Deixaram-me valores eternos e um coração maior.
Hoje, depois de passar pela sanzala, desenrolei o rolinho que recebi na última passagem do Dalai Lama por Lisboa. Continuava por abrir. Estava escrito "Om mani pemé hung hri"/"Aconteça o que acontecer à tua volta, nunca desistas".
O restaurante ainda existe.
Chama-se "Tibetanos" (www.tibetanos.com). Fica à mesma no 117 da rua do salitre, agora mais sofisticado mas igualmente acolhedor.
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