Quando o frio aperta eu não tenho dúvidas que a outra São tem razão. Fui branca por engano. Não nasci pra isto de me enchouriçar de roupa e ter frieiras e tosses e custa-me tanto os dias acabarem depressa e o sol nem ao meio-dia aquecer de jeito. Em cada Inverno renovo intenção de emigrar antes da chegada do próximo, mas sempre fico pela intenção. Sei que esse dia chegará. Primeiro é preciso deixá-los crescer. Dar-lhes asas. Só então poderá ser Natal em dia de Verão.
O meu amigo Daniel tem muitos anos, nem ele sabe já quantos. Tem sorriso aberto e franco. As mãos quentes apertam as nossas. Ingenuidade de menino pequeno e vida dura de quem vive na rua. Também ele emigrou. No sentido contrário ao que quero me espere. A vida deve-lhe muitos Verões. E Primaveras. Outonos vão-lhe dando os homens, mas mesmo assim, gota a gota. Como se lhes pertencessem. E só se o frio apertar.
O meu amigo Daniel tem muitos anos, nem ele sabe já quantos. Tem sorriso aberto e franco. As mãos quentes apertam as nossas. Ingenuidade de menino pequeno e vida dura de quem vive na rua. Também ele emigrou. No sentido contrário ao que quero me espere. A vida deve-lhe muitos Verões. E Primaveras. Outonos vão-lhe dando os homens, mas mesmo assim, gota a gota. Como se lhes pertencessem. E só se o frio apertar.
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