Dias, semanas, meses a fio esperei o Senhor Ribeiro a partir das cinco e meio, sentada nas escadas de madeira do prédio que, naquele tempo era o do turismo, da biblioteca e, acho que também de qualquer coisa de saúde pública, tipo agente sanitário, ali mesmo em frente às laranjeiras do Abrigo e a seguir à Palinova. Todos os dias utéis requisitava os três livros possiveis e lia-os de rajada, como se cada um fosse o último, de olho arregalado e caminho directo aos sonhos.
Com o passar do tempo as visitas deixaram de ser diárias porque o deleite da leitura assim o obrigava mas, dizia o Sr Ribeiro, continuava a ser a sua melhor freguesa e quem quase como ele conhecia de cor e salteado cada uma das prateleiras. Acho ainda posso pegar num lápis e num papel e arquitectar cada assunto e muitos autores, estante a estante, daquele primeiro andar de parapeitos floridos.
Com o passar do tempo as visitas deixaram de ser diárias porque o deleite da leitura assim o obrigava mas, dizia o Sr Ribeiro, continuava a ser a sua melhor freguesa e quem quase como ele conhecia de cor e salteado cada uma das prateleiras. Acho ainda posso pegar num lápis e num papel e arquitectar cada assunto e muitos autores, estante a estante, daquele primeiro andar de parapeitos floridos.
E o bom que era contar e ouvir do Senhor Ribeiro um mundo inteiro de fantasia roubado às muitas páginas folheadas ou acabado de sair da nossa imaginação, enquanto eu copiava parágrafos mais especiais e ele tratava da saúde a lombadas defeitas ou ajudava na consulta de alguma obra.
Na entrada, ao lado da porta verde, havia uma placa dourada onde estava escrito: Fundação Calouste Gulbenkian, Biblioteca Fixa nº 6, de segunda a sexta, das 18h às 20h. Num domingo de 1974 , ao lusco fusco, fomos lá, à sucapa e colámos um cartaz a dizer "Biblioteca do Senhor Ribeiro" numa atitude PREC'iana de entregar terra a quem a trabalha.
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