Tenho pouco jeito para branduras ou para pôr paninhos quentes no que já fede ou azedou. Tem vezes gostava de saber ser branda sem chegar a frouxa e ir polindo ímpetos e frontalidade adiáveis. Noutras vezes nem penso nisso. Até me riu quando sangue do meu sangue me adjectiva de rústica, em estado de quase amargura ou pura vergonha. Mas isso é nos dias sim, como hoje. Fantástico o dia de hoje. A febre partiu em busca de corpo que melhor a tratasse, despedi-me dos números e relatórios ainda em pendência, entrei para ganhar na velha batalha da igualdade de géneros, a criançada zaragateia animada pela casa em desalinho e a perna do Bidji já treina fintas e ataques de vitória.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
sábado, 18 de setembro de 2010
por aí ...
Ainda era cedo mas já tinha escurecido. A marginal estava quase deserta e pairava uma espécie de neblina sobre o rio. Desencaminhei-me do encontro marcado. Em Belém o cais estava deserto. Soprava um vento fresco. Estendi-me sobre um bloco de pedra e fui ficando. Contando estrelas e barcos. Quanto tempo passou nem sei. Apanhei o último barco e, do convés, fui descobrindo lugares e imaginando amores e desamores acontecendo em cada uma das sete colinas. Lisboa é linda vista do Tejo. À noite. Em silêncio. Dum barco vazio.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Mãe Preta
Sempre que cada um de nós brilha, os corações de todos batem mais rápido. De alegria e de orgulho. De comoção também.
Esta estória começou uns dias antes, sem alardo nem burburinho. O Bruno Huca passou pelo "5 para a meia-noite" com a sua Tralha Mestiça e deixou-me sem fala com a magnífica interpretação do "Prelúdio" da Alda Lara. Confessei-lhe meio em surdina que o fôlego quase me tinha fugido ao ouvi-lo. E, pensava eu, tudo ficaria entre nós. Poucos dias depois deixou-me sem pingo de sangue e inchada nem perú de Natal ao dedicar-me o tema, cantando-o ao vivo, num rasgo de amor e carinho que me marcará por toda a vida.
E a noite parece se queria de glória. Ao Bruno juntou-se a nossa Maria e juntos interpretaram "Lágrima". E eu, que nem sou de fados nem de lágrimas pasmei e chorei com aqueles dois. Mano a mano, arrasando, no Palco 3 do entreMITOS.
Os nossos corações bateram mais rápido. De alegria, de orgulho. De comoção também.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
por aí
Uma rua inteira de oficinas que não existem em papel nenhum. Nem a rua. Nem as casas que as abrigam. Nem tão pouco muitos dos homens que por lá labutam. Cheira a maçaroca assada, a terra molhada e a figos verdes ainda por apanhar. Cruzam-se línguas e sotaques de muitos mundos. Soam assobios afinados e por afinar, kizombas, terço da renascença e sempre muita troca de galhardetes. Das mãos calejadas do Baio sempre sai um carro de volta aos trinques, um abraço muito apertado e o sorriso enorme que trouxe bem guardado no fundo do barco que o trouxe da Nigéria.
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