Mais ou menos a meio da manhã chegava. Às vezes, quando vinha.
Durante anos foi assim. Outonos, Invernos e Primaveras. No Verão as férias levavam-nos para lá dos muros da escola e perdia-nos e perdiamos-lhe os rastos.
Durante anos foi assim. Outonos, Invernos e Primaveras. No Verão as férias levavam-nos para lá dos muros da escola e perdia-nos e perdiamos-lhe os rastos.
Nunca aprendeu a ler ou a escrever, a jogar à rabia ou a saltar ao eixo. Contava estórias que achávamos estranhas mas quase sempre o ouviamos. Nem sempre com carinho, vezes com pontas de troça ou de desdém. Era um mundo de ilusão numa cabeça que se recusava a crescer, pensava eu.
Passaram muitos anos. Li num jornal. Pedofilia. Não era ele quem lá estava, mas todos eles tinham o seu rosto. Parece o ouvia contar, sentado no banco ao lado do portão da escola velha. A voz fanhosa enaltecendo as tropelias noite fora Praia da Batata dentro. Chamava-lhes chapagem. Ria-se. Falava em dinheiro e em roupa nova oferecida por cámones panascas. E fazia "Schschiu!!" pra não contarmos a ninguém
Achei era estória. Não contei nunca.
Afinal devia ser tudo verdade. E eu devia ter falado.
Bem alto!
1 comentário:
Olá são rosa!
É a idade da inocência! Hoje exageramos, por outro lado... O receio toma conta de nós...os filhos..essa preocupação atravessa-nos constantemente. São doentes, quem haje mal, todos os agressores são doentes e o mundo está doente, se está! Há pouco tempo esteve agendado o "dia da não violência". Alguém falou em Gandi??? A propósito da India, não perca "Filhos de Deuses diferentes" em DVD em qualquer clube video. Bom fim de semana. Mada
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