Parece que também a chuva me trouxe desejo de desejar. Costuma só trazer desejo de acabar depressa ou, se a vida deixa, desejo de ir estrada fora até uma qualquer ravina de mar áspero e senti-la viva, a bater forte na chapa e no vidro da carrinha, manta quente sobre as pernas com musiquinha a acompanhar e, às vezes, quase num laivo de loucura, desejo de me enfiar no velho impermeável vermelho e ir indo, chapinhando, deixando-a lavar cabelo, corpo e alma, sentindo o vento que sempre sopra do lado de lá da Peninha, em busca de liberdade.
Tenho sede.
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