há exactamente vinte e um anos, por esta hora, desciamos a avenida da liberdade com destino ao cais do sodré. no vagar do caminho subimos no elevador de santa justa e deixamo-nos ir atrás dos sonhos. no passadiço para o carmo demoramo-nos em longos beijos e abraços apertados. lá em baixo, na rua garrett, encostado a umas floreiras que lá havia, um jovem flautista tocava uma melodia que ainda hoje guardo, acho que no coração. no céu brilhava uma lua quase cheia e a brisa soprava de mansinho, levantando o vestido leve e florido que me cobria. apanhámos o último comboio e regressámos num dos primeiros. de mala na mão, aperto no peito e uma espécie de receio do desconhecido desejado que estava mesmo já a bater à porta. lutámos pela liberdade entre gritos e penumbras. num repente de dor aguda fez-se à vida. senti-o quente e húmido sobre o meu peito. pulsando vida.
a nossa vida.
mmm
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