A 29 de Agosto, em Lagos e noutros lugares do Algarve é costume os serrenhos e os mareiros se banharem no mar depois do sol posto.
Vinham de burro, com os alforges cheios das iguarias da serra, cantando e rindo estradas fora, direitos às praias. Dizia-se que este banho valia pelo ano inteiro e dava saúde da boa.
Hoje em dia o corropio às praias na noite de 29 de Agosto mantem-se mas, as camisas de dormir e as cerolas são só pra lembrar os antigamentes.
Desde sempre cumpri o ritual do 29. Primeiro com os meus pais e família, na adolescência com os amigos, entre fogueiras, guitarras e sol nascido já a 30 e depois mostrando aos filhos o gozo que é mergulhar na escuridão do mar, correr para embrulhar em mantas e devorar o arroz de tomate fumegante que sempre fez parte do nosso farnel.
Foi assim este ano. No Porto de Mós, mais abrigado que a Meia Praia. Faltou a fogueira. De resto esteve quase tudo. Até a lua tinha enchido de véspera. As crianças pequenas foram partindo quase adormecidas, a cantoria tornou-se mais suave e menos efusiva, a areia muito morna, apenas algumas empadas, um pouco de tintol e um panelão de sopa completamente vazio repousavam por ali.
Se entrefechar os olhos ainda ouço o "Woman no cry" ou o "Samba pa ti" que o nosso Zé fez a guitarra chorar. Beijos pessoal. Até pro ano!
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