Não que seja apologista que se ande a distribui-los a torto e a direito, mas existem ocasiões em que são quase mesmo imprescindíveis, como expressão de raiva, de cólera, de surpresa, de desespero, até de alegria.
Conheço gente tão contida que em dezenas de anos nunca lhes ouvi uma palavra fora do sítio. Nem um "Com a breca!". Pode ser um grande disparate mas acredito que são menos felizes por isso. Não é plo mandar alguém à merda que se é mais ou menos feliz mas pelo soltar das emoções, pelo chorar de tristeza na perda de quem se ama, pelo gargalhar dum qualquer disparate, pelo barafustar quando se foi mal atendido.
Este assunto lembra-me sempre uma história passada num almoço de Natal. O Rosendo é o único ascendente masculino que me resta. É meu tio materno, bem disposto e excelente cozinheiro. Surpreende-nos em cada Natal com um novo petisco no centro da mesa e faz questão que seja eu, a sua única sobrinha, a servir a famelga toda. Há uns natais atrás, estávamos nós a iniciar este preparo, já com os ilustres comensais salivando pela surpresa quando, ao detapar o imenso tabuleiro, soltei um ai de dôr. Tinha-me queimado. O Rosendo, acabadinho de sentar ao lado do seu mais que querido cunhado, piscou-me o olho e disse:
- Diga porra filha, diga porra que alivia!
Eu disse. Acho que aliviou. Foi gargalhada geral.
1 comentário:
Mãe São,
Conheço uma menina chamada Inês. Eu sei com quem, mas não digo, que ela aprendeu a dizer foga-se. Tinha à volta de 2 anos, quando expressava este "palavrão".
Sabem a música do Irmão Jacques?, sim aquela que acaba para alguns em ding, ding, dong. Encontrei-a um dia a trautear o ritmo da música (identifiquei-a) e a letra era só foga-se.
Voltando ao ding, ding, dong. Ela com 2 anos aprendeu a cantá-la em francês. Um dia resolvemos traduzi-la e ela perguntou: E ding, ding, dong, O que é em Português?
A Inês tem um irmão, que está actualmente com 2 anos. A Inês já tem 4. Há pouco tempo ela andava com a mania de dizer bufa. Um dia numa terreola, onde todos se conhecem e a avó tem lá uma casa, aconteceu a situação BUFA. A Inês estava a chamar a atenção da mãe gritando da rua Bufa a alto e a bom som. Nesse preciso momento uma vizinha passou à nossa frente (foi pôr o lixo). A referida vizinha, quando voltou para cima, o João chamou por ela: gritou, virado para ela, Bufa, Bufa,.... Eu só ria. Ruidos da comunicação,...
Há pouco tempo,a InÊs disse, enquanto jantávamos, vou dizer uma anedota. Tá Bem, ela apenas disse um palavrão: já não me lembro qual. Ficámos todos em silêncio, fazendo o pedagogicamente adequado. Só que eu não me aguentei e começei a rir, a gargalhada foi geral. Sim, ela contou uma anedota.
Já chega, um abraço forte para ti e os teus.
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