quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A caminho dos treinos

As viagens de ida e regresso para os treinos de andebol voltaram à ordem do dia. As inscrições para as boleias começam às segundas e terminam quando a carrinha está cheia ou não consegue levar nem mais um, magrinho que seja. Às vezes há umas excepções como quando a Mi, única menina, chega esbaforida, à hora da partida, sem marcação e, com os olhos muito esbugalhados me contrapõe:

"E vais-me deixar aqui na rua, de noite, sózinha e a chover?"

No percurso falamos de tudo e cantamos quase tudo o que sabemos. Distribuem queixas e tecem elogios às professoras e aos trabalhos de casa ainda por fazer, desenham e decidem tácticas de jogo, preveem vitórias com grandes cabazadas e arremessam perguntas em catapulta sobre tudo e sobre todos. Muitas são autênticas pérolas.

Debaixo do viaduto do SATU abriu uma churrasqueira de nome "Brasinha". Novidade no burgo. Dúvida na cabeça dos marmanjos.

- O que é que é uma brasinha?
- Aí meu, quem não sabe?...
- Eu não sei e não sou parvo. Tu sabes?
- Claro, é uma miúda assim toda jeitosa, boa...
- Ah... Atão é o mesmo que grossa...
- É pá és mesmo atrasado. Grossa é muito melhor que brasa.
- A Mi quando fôr grande vai ser grossa e brasa, não é Mi?
- Deves ser é parvo. Eu quando fôr grande vou ser é uma Mantorras.

sábado, 1 de setembro de 2007

Há feira em Bensafrim!

A feira de Bensafrim representa o quase fim de férias, o regresso às escolas e ao trabalho, o deitar e acordar a horas ditas decentes e também as passeatas Serra de Sintra adentro, o vai vem dos treinos de basquete e de andebol, o despe e veste das piscinas, os acampamentos de escuteiros, as reuniões de pais, as cachupadas, os ensaios, ... mas tudo isto só acontece lá pra depois da feira de Bensafrim passar.

É por lá que se anda em banheiras a motor e em motoserras aceleras, se aplaude cavaleiros e amazonas mais ou menos artistas, se come o melhor doce de figo do concelho de Lagos e, principalmente se encontram os velhos amigos dos tempos de escola e se ouvem as estórias dos mais velhos.

O Ti Juanito Chula é um amigo que já não é porque os torrões já lhe fazem algum peso. Conhecemo-nos no Lar de Misericórdia, long time ago. Gostávamos um do outro como os avós gostam dos netos e os netos dos avós. Quando chegava a Lagos mandava-lhe recado pra irmos beber um sumolzito e pôr a conversa em dia.

O Ti João era nascido e criado no Vale de Bensafrim e aí tinha sofrido gostos e desgostos, perdas e geadas, anos e amores. Às vezes falava de como o vale tinha sido próspero, das cheias da ribeira, da chegada dos cámones às Colinas Verdes, da esperança de desenvolvimento a quando da abertura do restaurante do João da Gruta, mas animava-se era quando chegava o fim d'Agosto e era o dia da festa.

Trazia-me sempre as "feiras": um saquinho de figos secos ou de amêndoas, uma quadra de manjerico, um caneco de barro. No seu último ano trouxe-me um "rajá". Um supermax fresquinho, comprado pela manhã, embrulhado no papel pardo da mercearia do Zé d'Almeida e passeado todo o dia na algibeira do Ti João, foi certamente o que ele, que nunca pôs nada frio no bucho, sentiu que mais prazer me traria. E acertou!
 
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