sábado, 31 de janeiro de 2009

tem dias ...



o mar enfureceu. o céu também.
fosse a minha loucura maior iria tempestade dentro, deixando-me salgar, molhar, oscilando ao sabor da nortada.

sei teria voltado mais leve e de alma renovada.

constipada, porém.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Elas

De vez em quando roubo uns minutos à cama e passo mais do que a horinha do costume no ginásio. Dou-me a pequenos luxos como fazer uma aula de hidroginástica ou de pilatos, passar de novo pela minha máquina preferida e no final esparramar-me no belo do banho turco e deixar-me ir atrás dos vapores. Pra lá da porta embaciada está um mundo de mulheres preocupado com cremes, tintas para o cabelo, vernizes, leggins, tops, cabeleireiros, esteticistas, manicuras, quilos a mais e mamas a menos. Entressonhos vou ouvindo o que desconfio seja sofrimento feminino. O cabelo que não estica como devia, o difusor do secador que empenou, o contorno de olhos que partiu o bico, a unha de gel que descolou antes do esperado e mais a pasmaceira que é passar o dia entre massagens que já não resultam e o escritório onde as colegas são todas umas cabras invejosas. Sinto-me assim como que ave rara e fico sem saber se devo ou não sair de dentro da densa nuvem de água em puro estado gasoso.

É que elas podem perceber que o meu cabelo é cortado à máquina, pente quatro fachavor e ver nas minhas unhas os carrinhos de rolamentos que hei-de aprender a construir.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Om mani pemé hung hri

Ao passar por uma sanzala amiga (sanzalando.blogspot.com) despertei uma mão cheia de coisas boas, que, pela pressa da vida, têm estado engavetadas, uma saudade de mãos quentes e abraços de paz, sorridentes, ao ritmo de brisas mansas e melodias suaves.

Acabada de chegar à cidade grande e desconhecida, procurando instalar-me e adaptar-me à nova vida de estudante universitária em auto gestão, senti-me em casa naquela casa que logo vi não ser bem um restaurante, apesar de se comer bem e adequado à fraca bolsa da época.

Serviam-nos a "malga da simplicidade" que consistia em sopa, tarte de vegetais com salada e uma tigela de frutas frescas e secas com iogurte, temperada com a maior simpatia e uma calma que só ali se respirava. Chamavam-lhe o "Terraço do Finisterra" e era um segundo andar da Rua do Salitre com vista para o Jardim Botânico da Faculdade de Ciências.

Quando quase no final do curso soube que ia ser mãe prepararam-me água ferrosa e os pratos mais completos e coloridos, para que ambos crescessemos em vida e saúde, ensinaram-me a melhor posição para dormirmos em paz e fizemos ioga diariamente. Quando o Lopo nasceu, apareceram na maternidade com uma maravilhosa e imensa tarte de chocolate e castanhas para a equipa de serviço. Festejavam o regresso do Lopo.

Como verdadeira comunidade que são, a sua vida é onde fazem falta. Partiram e estão em França, na Bélgica, nalgum mosteiro algures por aí, trabalhando para que numa vida próxima sejam ainda melhores pessoas. Deixaram-me valores eternos e um coração maior.

Hoje, depois de passar pela sanzala, desenrolei o rolinho que recebi na última passagem do Dalai Lama por Lisboa. Continuava por abrir. Estava escrito "Om mani pemé hung hri"/"Aconteça o que acontecer à tua volta, nunca desistas".

O restaurante ainda existe.
Chama-se "Tibetanos" (www.tibetanos.com). Fica à mesma no 117 da rua do salitre, agora mais sofisticado mas igualmente acolhedor.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Senhor Ribeiro da Biblioteca

Dias, semanas, meses a fio esperei o Senhor Ribeiro a partir das cinco e meio, sentada nas escadas de madeira do prédio que, naquele tempo era o do turismo, da biblioteca e, acho que também de qualquer coisa de saúde pública, tipo agente sanitário, ali mesmo em frente às laranjeiras do Abrigo e a seguir à Palinova. Todos os dias utéis requisitava os três livros possiveis e lia-os de rajada, como se cada um fosse o último, de olho arregalado e caminho directo aos sonhos.

Com o passar do tempo as visitas deixaram de ser diárias porque o deleite da leitura assim o obrigava mas, dizia o Sr Ribeiro, continuava a ser a sua melhor freguesa e quem quase como ele conhecia de cor e salteado cada uma das prateleiras. Acho ainda posso pegar num lápis e num papel e arquitectar cada assunto e muitos autores, estante a estante, daquele primeiro andar de parapeitos floridos.

E o bom que era contar e ouvir do Senhor Ribeiro um mundo inteiro de fantasia roubado às muitas páginas folheadas ou acabado de sair da nossa imaginação, enquanto eu copiava parágrafos mais especiais e ele tratava da saúde a lombadas defeitas ou ajudava na consulta de alguma obra.

Na entrada, ao lado da porta verde, havia uma placa dourada onde estava escrito: Fundação Calouste Gulbenkian, Biblioteca Fixa nº 6, de segunda a sexta, das 18h às 20h. Num domingo de 1974 , ao lusco fusco, fomos lá, à sucapa e colámos um cartaz a dizer "Biblioteca do Senhor Ribeiro" numa atitude PREC'iana de entregar terra a quem a trabalha.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Nha Jula

Numa das muitas vezes que fui ao aeroporto esperar alguém os nossos olhares cruzaram-se, meio sorridentes meio cumplices, como se já noutras paragens se tivessem encontrado. O voo atrasou como quase sempre atrasam os que de lá vêm e entre idas e vindas os nossos olhos brilhavam de uma para a outra.

Quando já escutava as aventuras e desventuras dum amigo em terra distante, li-lhe medo de relance, na mão enrugada que me acenava despedida. Estendi-lhe a minha, abrimos os braços e apertámo-nos como avó e neta a quem a saudade aperta. Só então percebemos, ela incluida, que Nha Jula estava há várias horas no átrio do aeroporto da Portela, aguardando uma filha que ignorava a sua vinda, porque, na ânsia do partir se esquecera de a avisar.

Nha Jula tem a sapiência de quem já viveu 87 anos, apresenta porte altivo nas suas sete saias engomadas e cabeça coberta pelo tradicional lenço branco, um par de olhos azuis a se cobrirem de névoa e uma inocência bonita de menina travessa que praticamente voa em cadeira de rodas. Ela sabia que a filha se chamava Amélia e que morava em Lisboa, numa casa amarela de onde se via o mar longe, longe, quase até Cabo Verde. Recordava-nos a todo o instante que a sua maleta não tinha nome porque não o sabia escrever mas estava marcada pelo cinto xadrezado da sua segunda saia de baixo.

De balcão em balcão, de corredor em corredor, telefonando, perguntando, melgando uns e outros, cá e lá, Nha Jula cumpriu o desejado: seis meses de belas férias com a família espalhada por todo o Portugal, Feira do Relógio, Colombo e Fátima incluidos.

Um dia destes ela vai voltar e trazer de novo a maleta cheia de garrafas de manteiga(!), feijão congo, atum, milho, linguiça e bolacha capitão. Vamos a ver é se não se esquece de avisar a malta.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Ao sabor do Arade

Parece não pisava Portimão desde os tempos do liceu, da Ginga e das idas ao mercado nas madrugadas de sábado. Depois foram só fugidas aos hipermercados e idas ao hospital todas as muitas vezes que não queria terem existido.
Chegar de comboio e passear-me lentamente junto ao rio foi agradável novidade. Embalar-me para enfrentar o "parto" difícil que estava pra vir. Ainda não foi desta que "nasceu".
De despedida vou cobrar-me um fumegante chá na esplanada da Casa Inglesa, na esperança de que o último autocarro para a capital ainda esteja por partir.

Isabel, continuamos à tua espera.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

às terças

A terça-feira é aquele dia cheio de começar muito cedo e acabar quando já é quase quarta. Hoje foi maior ainda. Foi dia de consulta da Mina no anjo da guarda dos joelhos das nossas meninas, o amigo Dr Pereira de Castro, que sempre nos recebe com a maior simpatia e o melhor humor, mesmo nas horas mais difíceis. Foi dia de treino das nossas "pequenotas" iniciadas na selecção. Já vão em 10. Foi dia de muito frio e granizo forte de deixar tudo branco e ficarmos todas encantadas, de boca escancarada a dizer "tão giro!".

Quando tudo acaba respiro fundo numa qualquer área de serviço, leio meia dúzia de páginas das revistas cor-de-rosa e as gordas dos jornais, bebo um café forte e amargo, sinto uma vontade imensa de acender aquele cigarro a que continuo a resistir e vou aterrando lentamente no ninho.

Tanta sede daqueles abraços que ainda estão por dar.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Coisas boas

Esta noite, depois do jantar, passeámos a pé, aqui por perto de casa, conversando, chapinhando na beira das poças, sentindo os cheiros húmidos da terra e da relva recém cortada e espreitando as estrelas. Decidimos falar só de coisas boas. Daquelas que nos vão fazer sorrir e sonhar para sempre. Lembrei o cheiro a nívea e o calor do corpo dos meus pais quando na Praia dos Estudantes, voltava do mar e os encontrava estendidos no quente da areia, lembrei o parir de cada um deles três e a descoberta da maternidade no criar de cada um, lembraram as noites ao relento por esses montes fora em acampamentos de escuteiros, a alegria da entrada para a universidade do mano grande, o primeiro dia de escola, as férias de Verão na casa da avó Maria. Lembrámos os muitos abraços, beijos, cumplicidades, brincadeiras e gargalhadas que nos vão unir para sempre, em cada dia das nossas quatro vidas.

domingo, 18 de janeiro de 2009

phoenix seja!


tenho ouvido dizer que quem morre de amor vai direitinho para o céu.
e o amor, quando morre vai para onde?
e renasce?

sábado, 17 de janeiro de 2009

segredos...

quando damos um segredo a guardar dizem ficamos mais leves, assim quase como quando voltamos das compras e alguém nos ajuda a carregar os sacos. às vezes eles trazem segredos para guardar. escritos em letra miudinha, num papel dobrado e redobrado até ficar só um rolinho que entupiria qualquer fechadura de portão de escola. guardamo-los sempre numa caixa de madeira escura trancada com dois cadeados cujas chaves são escondidas em lugares diferentes. e eu, onde guardo os meus segredos? será que fujo deles? acho é mais isso que fazem as pessoas grandes...

triste, não é?

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

kota???

- A minha setôra de física foi ter bebé e veiu uma setôra nova.
- E que tal, é simpática?
- É assim mais ou menos. Fala baixinho e é assim, já um bocado velha.
- Velha?
- É. Acho que deve ter praí quase uns quarenta anos...
- O quê?!!!
- Quarenta ou trinta oito, assim mais ou menos.
- E isso é velha?
- É um bocado, não achas?
- Bruno, tás-me a dizer que eu sou velha?
- Tu não, ela é que é. Tu nem deves ter 33.
- Mais dez.
- Népes. Achas?
- Não acho, tenho a certeza. 1965, grande ano!
- Ah, mas é diferente. Ela é assim tipo avó nova e tu és tipo mana mais velha.

E mais, tu fazes anos no fim do ano. Aposto que ela faz logo em Janeiro...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

mar de janeiro



às terças

Terça-feira é dia graaande. O mais grande da semana inteira. O mais completo também. Diversidade. De gente. De lugares. De conversas. De sorrisos. De abraços até. Terça-feira é manhã dos meus gémeos sabichões que querem ser grandes, ricos e famosos como o avô. Da estatística da Isilda tratamos entre canecas de café, não vá ela adormecer entre o turno de telefonista, a casa da patroa e o terceiro ano da faculdade privada. Até às 3 e quase meia dou rédea solta e deixo-me sonhar, por aí. Sento-me à mesa com as ervilhas da tarde. Cabeças pequeninas preguiçosas de pensar. Pensamos juntos, brincando de aprender coisas de gente média que aspira a gente esperta. E já é hora de treinos. Deles e delas. A carrinha espera por mim e elas esperam-me nos lugares do costume. Vão entrando, rindo, contando parte e comédia dum alguém qualquer que já nem sabem quem . Hoje falámos de amores. Dos primeiros, dos segundos e dos outros todos. Do que levam e do que deixam. Até ouvimos canções de amor, daquelas que fazem sonhar. Na ida derretemo-nos com a Neusa e mais o seu "Konfiá na bô" e na volta dei-lhes a ouvir as francesices da minha adolescência. No regresso, pelo retrovisor, as ondas espreitavam, umas atrás das outras, como se tivessem novas para me contar e, do lado de lá, já a caminho do Cacém, a lua, quase cheia, brincava entre montes, escondendo-se e aparecendo onde eu mais a esperava. Bela vida.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Contas e mais contas

Devia ter comido as doze passas e pedido os respectivos doze desejos. Também devia ter definido todos e mais alguns propósitos estabelecidos para o novo ano. Pelo menos doze, um por mês. Deviam estar todos muito bem sublinhados na agenda por abrir.

Gosto da prova dos nove. No final de cada operação contar os algarismos um a um, novesforando nada e retomando e zerando até ter certeza do certo da conta. Sinto este 2009 exactamente como a prova matemática. De renovação. Noves fora nada. Bora lá corrigir as erradas.

Desconsigo avançar nas contas. Pode ser frio. As mãos gelaram. Ou sono. Acordar custa bué. Talvez preguiça de alcançar o amanhã. Ou distracção de perder pelo caminho. Quiçá medo de tentar, tentar e não chegar à conta certa.

O meu desejo, neste Janeiro, é ser capaz de pôr as minhas contas em pé.

domingo, 11 de janeiro de 2009

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

brrrr

Quando o frio aperta eu não tenho dúvidas que a outra São tem razão. Fui branca por engano. Não nasci pra isto de me enchouriçar de roupa e ter frieiras e tosses e custa-me tanto os dias acabarem depressa e o sol nem ao meio-dia aquecer de jeito. Em cada Inverno renovo intenção de emigrar antes da chegada do próximo, mas sempre fico pela intenção. Sei que esse dia chegará. Primeiro é preciso deixá-los crescer. Dar-lhes asas. Só então poderá ser Natal em dia de Verão.

O meu amigo Daniel tem muitos anos, nem ele sabe já quantos. Tem sorriso aberto e franco. As mãos quentes apertam as nossas. Ingenuidade de menino pequeno e vida dura de quem vive na rua. Também ele emigrou. No sentido contrário ao que quero me espere. A vida deve-lhe muitos Verões. E Primaveras. Outonos vão-lhe dando os homens, mas mesmo assim, gota a gota. Como se lhes pertencessem. E só se o frio apertar.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Noves fora nada

Fazemos divisões com botões, plasticina, castanhas, estrelitas, berlindes e tremoços. Reunimos números primos, partilhamos unidades de maçã e interceptamos missangas coloridas. Desenhamos ângulos com paus de esparguete e projectamos sólidos geométricos com palitos e casca de queijo flamengo. Previmos estimativas de coisas boas, calculamos a média das faltas de atraso que não vão acontecer e assim ganhamos o quadrado de minutos de recreio. E noves fora nada. Levantamos a mão, de braço bem esticado, caçamos o nove no ar, fechamo-lo no punho e recomeçamos o jogo dos vãos.

Também a vida, às vezes, é assim.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Às terças-feiras

É que nem sabia que tinha tantas saudades delas. Nem é bem só delas. É da tagarelice, do atropelo na entrada e na saída da carrinha para ir no banco da frente, das músicas que todas já sabemos de cor, das novidades, dos penteados, dos jogos que já vão recomeçar no próximo fim-de-semana e das notas escolares, as negas que eram excusadas e as outras que nem confessam. Retomámos os treinos e cá estou na minha volta das terças-feiras. Vamos e voltamos, eu e elas, parando, deixando e recolhendo, de bairro em bairro, com uma garra e um calor que quase abafam a frente fria que praí anda.

Quando chego, a casa já adormeceu. É tão bom dar-lhes aqueles beijos mornos, muito ao de leve, para não os roubar aos sonhos. E sonhar com eles, mesmo que ainda acordada.

Sonhar mundos justos, dias felizes, pés descalços pela areia, silêncios, ternura, pele.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Amor para sempre?


"Às vezes o amor", Sérgio Godinho

Diz o Diário de Notícias de hoje, em letras gordas, que o amor pode ser paixão para sempre. Falam de química, de prazer e de almas gémeas. Afinal parece que não é só nas estórias de príncipes e de princesas que tudo pode acabar com um foram felizes para sempre.

E eu, que sempre acreditei nessa utopia, contrariada pelos defensores do amor confortável e fraterno dos trinta, quarenta pra cima, fiquei assim tipo gente feliz com lágrimas que podia ter nascido cisne e deixou-se ser patinho feio.

Sopa sem tempero a nada sabe. Pode-se tirar o sal ou o azeite, mas os dois é demais. Se se for aquecendo ainda se vai comendo mas, deixando passar tempo, por mais que se ferva, mais das vezes azeda.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Caril de camarão

Se as minhas amigas não tivessem desatado a adoecer umas atrás das outras e eu não tivesse passado as últimas trinta horas a levar, a trazer e a acompanhá-las à, da e na urgência do São Francisco Xavier, teria cozinhado para o almoço de domingo o caril fantástico que mais ou menos inventei na última noite do ano.

Depois de feitas as compras de:

2 cebolas picadas
alho picado
azeite
pó de caril
1 lata de leite de côco
côco ralado
4 maçãs
coentros
2 cascas de limão
sal a gosto
uma pitada de farinha
1 Kg camarão descascado da cabeça para baixo ou
800 gr camarão descascado + 200 gr camarão com casca

De mãos bem lavadas e avental posto, picam-se as cebolas e os alhos para um tacho e cobrem-se de azeite. Refoga pouco. Junta-se o camarão, uma casca de limão, o pó de caril e os coentros. Mexe-se e socializam uns breves minutos enquanto se descascam as maçãs, que em quartos lhes vão fazer companhia. Mal tenham tomado conhecimento uns com os outros, deita-se o leite de côco, tapa-se o tacho e em lume brando vão apaladando. Antes que a maçã se desfaça, retiramo-la para outro recipiente mais à casca do limão, aos coentros e bastante caldo acrescentando ainda a outra casca do limão, 1 bocadinho de côco ralado e a pitada de farinha. Com a varinha mágica reduzimos esta mistura a puré e deitamo-la sobre os camarões que estão no tacho. Apura em tacho destapado, lume baixo e mexendo de quando em quando. Acompanha com arroz branco.

sábado, 3 de janeiro de 2009

piridostigmina brometo?



Às vezes, quando as forças me querem faltar penso nas guerreiras que vocês duas são. Duas mesmo. Sem essa união forte de luta, o caminho teria sido mais turtuoso e a sagacidade e a coragem teriam fraquejado. Coisa de mulher!

Acreditamos que o impossível possível é.
Por isso já trocámos ampolas de não sei quê por pasteis de belém a queimar de quentes, numa urgência de Lisboa, ao amanhecer. Chovia a potes mas o bombeiro Pinto trazia o Verão inteiro no olhar e nas mãos rugosas que apertaram as nossas. Naquela hora foram seis as nossas mãos.
Como seis são as mãos que recebem cada caixa de mestinon recolhida onde fôr. Postos de correios, áreas de serviço de auto-estrada, recepções de empresas, amigos, colegas de trabalho, amigos de amigos, conhecido da namorada do primo da cunhada da tia do vizinho do outro lado da rua e até farmácias mais à mão onde veiu parar nem se sabe bem como.

A luta continua! A vitória é nossa!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Dia primeiro

Já praticamente passou o dia primeiro. Nostálgico.
Os carros cortam a neblina frente ao Forte de São Bruno.
Mínimos ligados, caras fechadas, num passeio de matar tempo livre. Só e apenas.
O comboio parte de Caxias rumo ao Cais do Sodré. Outro chega e segue para Cascais. O relógio da estação continua nas 23:25h. Parece não quiz ser ano novo.
A chuva cai miudinha. De mansinho. Caminho sobre a caruma dos carreiros em passo silencioso, capa escura, comprida, pensando se não devia facilitar, aceitar, parar de questionar, de me gastar e simplesmente deixar passar e fingir uma felicidade plástica que sempre fica bem em qualquer casa de família.

Já é 2009!

Cansada mas feliz.

A criançada foi adormecendo, anestesiada de cansaço, excitação e muita brincadeira.

Os jovens mudaram-se e mais às suas guitarras, caixas de jogos e restos de comida para uma casa sem vizinhos, onde possam fazer de hoje o ainda ontem em festa.

Foi noite de partilha entre os amigos que foram passando cá por casa.
Família, a bem dizer.
Uma mistura de costumes, de lugares e de estórias de contar e acrescentar. Húmus com pão branco, moamba de galinha com arroz lavado, caldo verde, cachupa badia, caril de camarão, arroz doce e muitos abraços, sorrisos abertos, choros sentidos de saudade e telefonemas das mães lá tão longe.
E eles tão cheios de frio e de esperança.

Pedro, Lopo, Dinis, Manel, Mário, Paulinha, Madalena, Isabel, Leonor, Gonçalo, Rony, Sara, Fábio, Nilton, Humberto, Fátima, Paulo, Lucília, Daniel, Jean e Dimas, ainda bem que vieram. Voltem sempre meus amores.
 
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