segunda-feira, 23 de junho de 2008

Assomada no corazon

O ano lectivo e a época desportiva estão assim a modos que de abalada. O cansaço impera. Em nós e neles. Verdade verdadinha não é bem assim. Eles estão frescos e desejosos de começar as actividades de férias e as outras que hão-de vir a seguir, logo, logo, mal chegue o novo ano lectivo e a nova época desportiva.

As cantorias, a jogatana de bola e as corridas de bicicleta iluminam de riso e alegria a Outurela inteira, num mar de criançada desocupada e com sede de muito brincar.

Estão a chegar as tardes de mergulhos nas piscinas municipais, o acampamento sonhado no Parque de Monsanto, as mangueiradas matinais pelos amigos bombeiros, os geladinhos de saco, o arraial da ludoteca, ... Com o Setembro vem o "Verão no Parque" e voltam os ateliers de tanta coisa gira de aprender a ser artista de verdade, a música que põe velhos e novos a gingar, os contadores e a magia das palavras à volta da fogueira, os malabares endiabrados, os grafitis, os raps e mais as nossas batucadeiras num finançon d'arrepio.

Acabada a festa arruma-se a tralha, forram-se os livros, leva-se a carrinha à revisão, copiam-se os horários das escolas e preparam-se as bolas e os equipamentos para a nova etapa.

E recomeçam as aulas, os casacos, as explicações, os treinos, os ensaios da dança e do teatro, as queixas dos professores, os jogos ao fim-de-semana, o canseira da adolescência, o gozo dos "contos e partes" delas todas, as idas e as vindas, o prazer duma fartura cheia de açúcar e canela na Festa de Nha Santa Catarina ou dum almoço de panela de mãe numa qualquer área de serviço Portugal fora.

E mais a parte chata dos relatórios, dos planos, das contas que têm que bater sempre certas, dos projectos com data para entregar, das reuniões que parece nunca são demais e do tempo e do dinheiro que sempre podiam crescer um poucochinho.

Quantas vezes pensamos e dizemos que deviamos ganhar juízo e ter vida de gente. Vida normal de mães de família com casa para tratar, emprego para cumprir e filhos para criar. Fazer lista de compras, ver as notícias na fofura do sofá, fazer exercício, viver numa casa arrumada, comer e deitar a horas decentes.

Mas sabemos bem que este é o sal das nossas vidas, que cada actividade é por nós intensamente vivida, que cada rasteira que a vida lhes prega é para nós novo desafio, que cada pequena conquista é sempre uma grande vitória e que cada um deles tem um lugar cativo nos nossos corações.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

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Tenho sede de vida. De afago. De calor. De emoção. De partilha.

Não sei calar. Nem esconder. Nem fingir que concordo. Faço lume com pouco fogo. E falo alto. E esbracejo. E choro. E riu. Não sou conveniente. Nem políticamente correcta. Acredito. Entrego-me. Exijo. Partilho.

Tenho pressa. Impacienta-me a inércia. Irrita-me a espera.

Quero ir ou fujo do ficar?

domingo, 15 de junho de 2008

Amar-me?



Um dia destes, por aí, alguém olhou-me nos olhos e me bradou num repente:
- És o verbo ir!
E foi.
Nunca tinha pensado nisso. Mas sim.
Estou sempre a começar. A aprender. A querer conhecer e descobrir.
A encontrar. A desejar. Numa pressa que nem eu sei porque.
Como se o mundo terminasse amanhã. E não termina?
Perco-me de mim. De cansaço. De exaustão.
A culpa carrega-me a consciência se me dou.
E fujo para não a ouvir. Para não escutar a sede de mim.
Na pressa do ir deixo escapar um grito rouco, que abafo.
Quero querer-me. Mas acho tenho medo. De mim?
 
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