quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Lindas?!

Há bocado fui ali de fugida, à D. Deolinda, comprar castanhas assadas, romãs e maçãs de trincar. É pra ir sentindo melhor o Outono, fresco e solarengo, escorrendo sumo rosado e enfarruscando-me de negro, enquanto trabalho ouvindo Miles Davis e a labuta do bairro, que chega pela janela escancarada.

Espreitei na Quinha, só pra dar um alô e um dedo de conversa. É o cabeleireiro mais fashion cá do lugar, aliás é o único. A Quinha é uma angolana muito bem disposta que penteia, colora, despenteia, descolora, madeixa, trança, tissa, destissa, consoante a vontade e a disposição da freguesa. Sempre que lá passo fico ainda com mais certeza de que nunca serei "uma senhora de jeito", como diria a minha avó Dlim-Dlim.

Sentadas, entre Caras e Luxes, com rolos ou papelotes, cada mão enfiada numa tigela plástica muito pinki com cinco buracos para cinco dedos, os pés demolhados num alguidar que borbulha sem parar, uma escova que repucha uma melena mais difícil, a pinça que arranca pelo a pelo a uma já tão fina sobrancelha, o secador barulhento que abafa a kizombada. Elas ficam lindas, é verdade, mas fazem cá umas figuras...

Quase tenho medo daquilo tudo. E respeito. Não vá um dia destes quando lá fôr pedir pente quatro sem brusching, sem plix, sem côr, sem madeixas, sem nada além do corte puro e simples, elas deixarem descair a máquina e darem-me uma zerada para não me armar em gozona.
 
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