quinta-feira, 23 de julho de 2009

Maria

Tem dias que ou desço à terra ou é mesmo a terra que se eleva e me toca os pés, quase me puxando e obrigando a criar calçada. como a luz que se acende no tablier mostrando o depósito em estado de quase parar. o despertador que lembra uma alvorada tardia que apetecia não ter chegado. a carta das finanças que fala dum imposto por entregar. a roupa que cresce em pilha pedindo ser engomada. a balança que não se inibe de mostrar em números robustos o que não devia acontecer. a tosse seca matinal em castigo aos cigarros da véspera. as horas que se recusam a demorar nem que seja tão só mais uns minutinhos que sessenta.

A chegada da Maria foi a calçada alinhada, o depósito quase cheio, as horas que até parece têm mais tempo. Não sei se é uma espécie de grilo falante se uma voz em gestos precisos de segurança, mas sei que lá de dentro vem coisa boa.

Ainda bem que vieste.


,,,

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Nô djunta mon

Foram chegando pouco a pouco e num repente já são mais de trinta. Os jovens do bairro, mais uma vez responderam à chamada e, quando ainda faltam doze dias para darmos início ao VERÃO NO PALCO, os nossos voluntários trocam experiências em dinâmicas de grupo orientadas pelo Hélder e pela Maria.

Correm, riem, jogam, juntam-se e desjuntam-se em grupos, consoante as indicações dos moderadores. Silenciam nas explicações, colocam dúvidas e correm de novo pelo terraço, já sombreado pelo tarde da hora. Quando forem grandes querem ser jogadores de andebol e de futebol, bombeiros, polícias, professores e artistas. Os que já são grandes vão galgando caminhos e cruzando metas. Mas todos eles não nos deixam dúvidas quanto à sua generosidade.

Juntos desenharemos os amanhãs sonhados.
kkk

terça-feira, 14 de julho de 2009

de caminho


As nuvens mal correm no céu da Outurela. O bairro prepara-se para adormecer. Só a brisa sopra de mansinho, como que para me trazer as últimas risadas e cantorias que ainda soam no parque. À noitinha, quando o trabalho já esmoreceu, o silêncio quase se ouve e a tijoleira ainda amorna os pés descalços, parece todos os amanhãs são possiveis, belos e de paz.


Acendo um último cigarro, aterro num dos pufs do terraço e deixo-me ir, sonhando .
 
BlogBlogs.Com.Br