sábado, 6 de agosto de 2011

Dois meses inteiros a abrir a mala, pela manhã, tirar o saquinho plástico, desatar-lhe o nó, tirar a caixa, abri-la, desembrulhar a bula, lê-la pela milésima vez, olhar as cápsulas verdes e brancas com inscrição e dia da semana por baixo, voltar a colocá-las junto com as demais, dobrar a bula pelas marcas, fechar a caixa, colocá-la dentro do saquinho, atá-lo, metê-lo na mala e puxar o fecho, respirando fundo dez vezes acreditando ser capaz de ultrapassar tanta mágoa sem pózinhos de perlimpimpim. Todos os dias. Mais de sessenta dias. Foi ontem o último. De tanta dor, de tantas horas de mar e lágrimas sairam a coragem e a certeza de que o inevitável passa pelas cápsulas verdes e brancas com inscrição e dia da semana por baixo. Hoje de manhã engoli a primeira. Umas centenas ainda estão pra vir. Novas forças e sorrisos virão. Abraços precisam-se.

1 comentário:

Anónimo disse...

Um beijo do Brasil.

 
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