terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Á hora da morte



E no silêncio do bairro solta-se um canto lúgubre. Arrepia de dor até numa tarde soalheira de Agosto. Àquele canto outros se juntam, anunciando a passagem da morte. Na casa da família enlutada adivinho o estender da toalha preta sobre a mesa, à volta da qual e durante uma semana, se rezarão terços. Como que na penumbra, começa a azáfama da maratona à volta do fogão e das panelas, preparando refeições para os muitos que virão despedir-se do finado e consolar a família.

Durante o funeral, em cortejo compassado, um canto polifónico de esperança em Nhor Deus e na eternidade ecoa pelas ruas que separam a igreja do cemitério. De quando em quando, como se de improviso se tratasse surge um canto chorado que fala dos laços, das vivências e da dor que existia com o ente perdido, ganhando intensidade e frequência com a proximidade da despedida.

Dando vida à hora da morte.



Sem comentários:

 
BlogBlogs.Com.Br