segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Mundo mix

Esperando a miudagem chegar pra caminharmos pros treinos, aproveito o sol gostoso de fim de dia, sentada num degrau do quintal, cantarolando e comendo amendoins.

- Hei, tu comes mancarra (amendoim)?
- Como. Queres?
- E não te enjoa doce de côco, pois não?
- Não. Queres alcagoitas?
- Tu deves ser de Cabo Verde.
- Não, sou tuga, mas lá do Algarve.
- É mentira. Comes mancarra, fazes cachupa, mandas bocas em crioulo...
- Não eu sou mesmo de cá. Tuga, tuga.
- Deves ser da Guiné - arrisca o Délcio.
- Eu nasci lá no Algarve e depois vim pra cá e pronto.
- Tás a mentir, não tás?
- Olha lá bem pra mim, de que côr é que eu sou? - não é que isso signifique alguma coisa. Mas aí a minha rosácea de estimação traiu-me.
- És vermelha. - diz o Luís
- Aí, a São é d' América, é pele vermelha!

A Gália e eu conhecemo-nos há vários anos, nas escadas do prédio onde morávamos. Ficámos amigas. É moldava, toca maravilhosamente violino e ensina meninos a tocar e, principalmente, a gostar muito de música. Dizia-me ela:

- Padruska (amiga), acho tu não és bem portuguesa.
- Ai é?
- Ontem eu te perguntei a que horas almoçavas e tu me respondestes que nem sabias, que era quando desse jeito ou quando a malta tivesse fome.
- E isso é não ser portuguesa?
- Isso é ser um bocadinho russa. Os portugueses sempre têm hora muito certa para tomar as suas comidas.

São bocadinhos de vocês que guardo no coração. Beijos gordos.

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